sábado, 26 de junho de 2010





     A gente se depara todo dia com um novo eu. E esse eu é só o que você é e nem sempre vê. Ou é o que você realmente vê e quer esconder. Não nego: fujo um pouco das coisas.É bem verdade. Mas não adianta tapar os olhos e gritar. A vida é agora. E você precisa correr, resolver, decidir. Era pra eu ter crescido antes, mas não consegui. Quis esticar ao máximo algumas etapas. Inconscientemente, me boicoto. Por quê? Por quê? Freud não explica. Resolvi colocar a verdade na frente dos meus olhos: tenho medo. Medo da vida, medo dos dias, medo de encarar que as coisas podem dar certo. Eu mereço, sim, eu mereço. Mereço cada coisinha que conquisto na minha vida. Entendi que nada vem de graça, por mais que você tenha bons contatos ou um rostinho bonito. Ninguém te dá a mão, ninguém te ajuda. Cada um quer saber de si, de salvar a própria pele, de se dar bem e aparecer no jornal com um sorriso branco. O mundo não é assim como eu penso. Coisas piegas, como uma flor, um bilhete, um cartãozinho ou um beijo me fazem bem. E eu quero sempre ser assim. Gostar das coisas simples, mas que são as mais verdadeiras.

     Não quero ganhar milhões, quero ter uma vida confortável e me permitir pequenos luxos. Mas pequenos mesmo: viajar para lugares diferentes, comprar alguns creminhos, perfumes, sapatos e bolsas. Só isso, nada de diamantões e palácios, nada de carro importado com banco de couro. Fico pasma como tem gente que adora aparecer, fico chocada com a capacidade das pessoas de colocar o interesse na frente de tudo. Pessoas efusivas que dizem que amam todo mundo e têm zilhões de amigos me cansam, me dão sono, preguiça e olheiras. Mas descobri que não preciso brigar, falar o que penso, enfiar o dedo na cara ou desejar o mal. Minha consciência é tranquila e meu coração é limpo. Por isso, prefiro ficar afastada de gente que passa a perna nos próprios sentimentos.

terça-feira, 22 de junho de 2010


Às vezes eu fico pensando porque a convivência humana é algo tão difícil de lidar. As pessoas precisam conviver, isso é fato. O problema é que muitos esquecem que nessa convivência tem que se buscar uma harmonia, uma harmonia espontânea e não forçada. Me entristece ver pessoas tentando passar por cima dos outros, querendo ser melhor, mas para isso tentando deixar os outros piores. Eu não compreendo essa lógica, talvez até compreenda, mas não queira acreditar que é dessa forma.

Estou assustada com as múltiplas faces da agressividade humana. Um delas é a inveja. O invejoso não suporta o sucesso alheio, vive para negá-lo. É pior do que aqueles que cobiçam. O invejoso não deseja o que é do outro, deseja apenas que o outro não tenha, não seja o que é. E ele acaba não tendo e não sendo. E isso acontece por ele desperdiçar tanto tempo dando atenção a história alheia. Essas pessoas acham muito mais fácil suporta o sofrimento dos outros do que a alegria. É bem verdade que, nossa alegria só é suportável pelas pessoas que verdadeiramente nos amam.

Costumamos dizer que reconhecemos os grandes amigos nos momentos de tristeza, do nosso sofrimento, mas isso não é verdade. Os verdadeiros amigos são aqueles que suportam a duração da nossa alegria. Você ver o outro sofrendo e ajudar é fácil, pois ao presenciar o sofrimento alheio é natural que brote dentro de nós a compaixão. Mas a alegria dos outros, em algumas pessoas, chega a incomodar.

Esse reconhecimento de amizade é feito nos momentos de alegria, não nos momentos de festividades. Conhecemos os amigos quando eles se alegram com o nosso sucesso, com a nossa felicidade, com o nosso bom resultado. Mas essa alegria tem que vir de forma natural, sincera, não de forma mascarada. É muito fácil você contar uma novidade que te faz bem e a pessoa dá um sorriso, um parabéns, mas talvez por dentro não seja isso que ela esteja, realmente, sentindo. É na sinceridade que as amizades fluem e se reconhecem.

Por que tanto medo de que o outro seja mais visto ou mais aplaudido? O que vale um instante? A cerimônia? O momento? Os aplausos se revezam, o poder é transitório. Os holofotes iluminam cenários diferentes. Há espaços para todos que se dispõem a trilhar um bom caminho. As relações humanas precisam ser repensadas. Fico aqui com essa inquietação, mas agradecendo pelas pessoas boas que tenho a graça de conhecer e conviver. Apesar das pedras no caminho.

domingo, 6 de junho de 2010



" Não tenho a tristeza como ausência de felicidade. Acho que elas coexistem. Somos felizes e tristes. Felizes porque tentamos entender a nossa missão. Tristes porque é assim que tem de ser. A tristeza nos empresta respeito ao outro e percepção da dor. Talvez tristeza seja ausência de alegria, de riso fácil, não de felicidade."
Gabriel Chalita


sábado, 5 de junho de 2010



Voltei. De alguma forma, voltei pra mim. O ar estava dificil de respirar e alguma coisa me sufocava. As palavras estavam pesadas e eu não gostava da forma que elas saiam. Agora está tudo mais leve. Muitas coisas estão acontecendo aqui dentro.

Sempre vivi de um jeito diferente, hoje eu entendo o lado de fora. No começo, me assustei. No meu mundo encantado todas as pessoas tem um lado bonito. Descobri, com dor, que muita gente é feia. Eu gosto de palavras claras e sentimentos puros. Muitos não entendem esse meu jeito, mas não me assusto, nem me espanto: deixo rolar.

Comecei a viver uma vida dupla: pra fora e para dentro. Ao mesmo tempo em que enxergo o mundo como ele é eu sonho com o mundo do jeito que eu gostaria que fosse. Me sinto tão mirin, mas tão sábia. E percebo que quanto mais a gente acha que sabe menos sabe. E deduzo que nada sei, que tenho que aprender mais e mais sobre as coisas.

Queria poder abraçar o mundo, as causas, as coisas. Posso? Se me fosse permitido gostaria de deixar um ensinamento: nada é tão ruim quanto parece e a vida pode ser bem mais dificil pra quem não sabe se perdoar. Eu me perdoo. Por tudo. Pelos meus erros, pelos meus acertos, pelas minhas verdades. Hoje eu me permito se feliz. E porque antes eu tinha medo de ser tão feliz? Não, não, algo estava errado! Hoje eu posso ser feliz sem culpa!