domingo, 30 de dezembro de 2012

O (re)encontro




Ele chegou com o mesmo sorriso com o qual ela o tinha visto pela primeira vez. E logo a fez esquecer a tristeza da despedida e de toda essa distância. Ela o observava de longe, havia acabado de fechar o livro que estava lendo, e não conteve o ar de felicidade ao ver aqueles passos ficando cada vez mais próximos. Ele aparentava estar meio perdido, mas ao mesmo tempo com o olhar de quem sabia o que queria. Estava mais bronzeado, e parecia continuar não ligando com a bagunça no cabelo, algo que sempre a fazia rir. Ela queria observar bem ele, parou alguns segundos antes de se aproximar, e custou a acreditar que aquilo estava acontecendo. Ele chegou.

Se abraçaram como se aquele abraço fosse renovar todas as forças perdidas. Como se tivessem esperado uma eternidade por esse momento. Todos os que passavam por perto já sabiam que ali era um encontro de pessoas que necessitavam um do outro. Tanta euforia, tantos sorrisos, tanta cumplicidade. Nem precisavam procurar o que falar, tinha uma imensidão de palavras a serem ditas, mas haviam as mais importantes.  

- Viajei todas essas horas pensando no brilho que seus olhos têm quando vejo esse sorriso se movimentar. Você continua ficando cada dia mais linda. E tudo faz sentido quando eu estou aqui do teu lado. Tudo gira diferente, ou quer dizer, tudo estava diferente, e agora voltou ao eixo normal. 

- Lembra quando eu disse que não sabia definir o tamanho desse sentimento, que precisava descobrir? Agora eu continuo sem saber o tamanho, mas sei que tudo faz sentido nesse momento, é algo que eu estou conectada, mas ao mesmo tempo é independente de mim. Não me sinto presa, me sinto liberta no meio de toda essa leveza que você traz. E esse sentimento que tenho faz com que eu queira viver para sempre, só para que nunca, jamais, eu viva sem isso. Eu acho que isso é amor, não é?

Eles não precisavam de respostas, sabiam-se. Então, ele segurou firme na mão dela e seguiram, juntos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



Eis aqui uma desconhecida, que se conhece muito bem para saber que não merece receber migalhas, nem ser passatempo. Ela que lê jornal todo dia e nem está preocupada com qual será a cor do verão. A que gosta do que não está na moda, que foge do igual, do mais do mesmo. Ela que reconhece de longe aqueles que chegam para acrescentar e que distingui muito bem os abraços dos que simulam. E depois de muito tempo, aprendeu a gritar quando algo lhe incomoda. 

Já viveu de saudades, reclamou, bateu o pé, mas um dia acordou e percebeu que saudade não se cobra, por mais que doa. Importância é algo que não se impõe para ninguém, apenas você dar ou não. Ela que viu uma multidão de amigos se dispersarem e, logo depois, como em um passe de mágica observou os verdadeiros se aproximarem. Ela que não espera mais pelo dia em que o príncipe encantado virá em um cavalo branco. A que aprendeu da pior forma a viver na realidade. Não que os sonhos não façam mais parte da sua vida, mas agora sabe separar as coisas. Sonhos são incentivos e não lugares onde se viver. E apesar de tudo que acredita ainda se reserva no direito de mudar de opinião.