Parece que com eles tudo começou muito antes de perceberem. Quem olha de
longe acredita que foram feitos para se encontrar. De perto
também. Eles não têm nada a ver e nem são opostos. São a medida certa de
algo que estão sempre buscando. São confusos, complicados e amáveis.
Vão vivendo os dias sem muitas promessas e expectativas, mas cheios de
sonhos.
Retalhos do cotidiano
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. (C.L.)
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
desfocado
Olhava de longe aquela menina que a cada sorriso parecia pedir socorro.
Eu tentava chegar perto, mas não conseguia. Ela queria mostrar ao mundo
uma felicidade que não existia. E só percebia isso quando chegava em
casa, toda noite sozinha.A vida externa era uma festa, mas a solidão era
dolorida. A quem tentava realmente enganar? A si mesmo. Queria ser
diferente de tudo que queriam que ela fosse, mas acabava sendo
previsível e igual. Sempre.
Seus gritos de liberdades eram na verdade pedidos para que alguém chegasse e a tirasse dali. Pensava que ser inconstante e borboleta era algo bom, mas não. Machucava-se ainda mais. Procurava frases feitas achando que assim conseguiria se descrever, mas não. Ficava ainda mais perdida. E assim, seguia uma vida completa de relações superficiais, com uma crença no pra sempre, sem nem existir o próximo ano. Mas não pude ver mais nada, tudo estava muito distante.
Seus gritos de liberdades eram na verdade pedidos para que alguém chegasse e a tirasse dali. Pensava que ser inconstante e borboleta era algo bom, mas não. Machucava-se ainda mais. Procurava frases feitas achando que assim conseguiria se descrever, mas não. Ficava ainda mais perdida. E assim, seguia uma vida completa de relações superficiais, com uma crença no pra sempre, sem nem existir o próximo ano. Mas não pude ver mais nada, tudo estava muito distante.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
a dor
Uma hora ou outra temos que lidar com ela, nas suas mais diversas
nuances. A dor de perder alguém é indescritível. Não é daquelas que
você chega no médico e ele te pergunta: - de zero a dez, qual a
intensidade da dor? Não doutor, hoje eu não sei responder, vai muito
além de tudo que há em mim. No primeiro momento parece que nada é real.
Você programou um ótimo dia de feriado. Filmes, chocolates, ótimas companhias. Seu telefone toca. É impossível não querer atender aquele que insiste tanto. Ah, se eu não atendesse. Ah, se nada disso fosse verdade. Você atende, percebe que tem algo errado, escuta uma voz diferente, sente a dor de quem quer lhe anunciar. Era o único jeito, você tinha que ouvir. Então, escuta. O mundo para. Um loop de imagens atravessa sua mente. Em um segundo tudo que está ao seu redor perde o sentido. Você paralisa. Sem reação. - Não, eu não escutei direito. - Será que era isso mesmo que tinha para me dizer? Você briga com sua mente. Sua dor explode. Seu grito interior em não querer acreditar passa a fazer barulho. Muito. Dói tanto que parece que seu corpo não vai suportar. Tudo em você agora acreditou. Seu corpo sente a perda, sente que tem alguém que você não poderá mais abraçar, sentir o cheiro, conversar. Você entendeu, mas não quer acreditar. A dor então domina.
Você para, pensa, tem que se acalmar. Mas nem os abraços ao redor fazem sentido. Está anestesiada. Todos falam, consolam, diz que passa. Passa o quê? As lembranças? A vontade de ter ali do lado? O som do sorriso? Não, não quero que passe. A verdade é que eu o queria aqui. Somos, sim, egoístas. Somos. Queremos que as pessoas fiquem eternamente ao nosso lado. Mas não dá. Elas precisam seguir. Precisam parar de sentir as dores que esse mundo causou. Precisam ficar em paz. E assim, nós seguimos... Com uma dor, que disseram que passa.
Você programou um ótimo dia de feriado. Filmes, chocolates, ótimas companhias. Seu telefone toca. É impossível não querer atender aquele que insiste tanto. Ah, se eu não atendesse. Ah, se nada disso fosse verdade. Você atende, percebe que tem algo errado, escuta uma voz diferente, sente a dor de quem quer lhe anunciar. Era o único jeito, você tinha que ouvir. Então, escuta. O mundo para. Um loop de imagens atravessa sua mente. Em um segundo tudo que está ao seu redor perde o sentido. Você paralisa. Sem reação. - Não, eu não escutei direito. - Será que era isso mesmo que tinha para me dizer? Você briga com sua mente. Sua dor explode. Seu grito interior em não querer acreditar passa a fazer barulho. Muito. Dói tanto que parece que seu corpo não vai suportar. Tudo em você agora acreditou. Seu corpo sente a perda, sente que tem alguém que você não poderá mais abraçar, sentir o cheiro, conversar. Você entendeu, mas não quer acreditar. A dor então domina.
Você para, pensa, tem que se acalmar. Mas nem os abraços ao redor fazem sentido. Está anestesiada. Todos falam, consolam, diz que passa. Passa o quê? As lembranças? A vontade de ter ali do lado? O som do sorriso? Não, não quero que passe. A verdade é que eu o queria aqui. Somos, sim, egoístas. Somos. Queremos que as pessoas fiquem eternamente ao nosso lado. Mas não dá. Elas precisam seguir. Precisam parar de sentir as dores que esse mundo causou. Precisam ficar em paz. E assim, nós seguimos... Com uma dor, que disseram que passa.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Um a um
Ninguém imaginava que era dele que ela tanto falava. Que o motivo dela sair cantarolando por aí era aqueles versos que ele
contava durante os dias. Foi ele que deixou os dias mais coloridos, que teimava
em clarear a vida e as situações, sempre levando buquês de raio de sol.
Era com ele que sentia segurança. Nas palavras, nas atitudes
e nas promessas não ditas. Andava por um caminho mais bonito e seguia com uma
paz transbordante. Sentia-se protegida no abraço dele, como se nada de ruim
pudesse chegar ali perto. Ele abraçava tão forte que todos os pedaços quebrados
começaram a se juntar novamente. Um a um, indo para o seu devido lugar.
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
O mundo precisa disso
Sempre fico com a impressão de que as pessoas deixam as coisas mais
importantes para falar em um momento que achem mais bonito e adequado. Deixam para um depois que não tem certeza que virá. E isso é tão
perigoso. As pessoas podem ir embora sem saber o que queríamos dizer, que as queríamos tanto bem. E isso é de uma hora para outra.
Quem fica apenas pensa o que poderia ter dito, que poderia ter
demonstrado mais, pensa que até poderia gritar aos quatro ventos as
verdades que guardou. Depois já não adianta pensar. Infelizmente.
Os elogios são para ser ditos, pessoas precisam saber que são amadas, que alguém gosta do que elas fazem, que são admiradas de alguma forma. Fale alto, fale baixo, meio sem graça, procure alguma forma, mas fale. Se quer dá um telefonema para alguém que não vê há tempos e acha mais coerente deixar para amanhã, esqueça a coerência. O amanhã pode vacilar e quem era já não ser mais.
O mundo precisa de coisas bonitas espalhadas, precisa de palavras sinceras, de amores (com)partilhados. Agora, se o que quer falar for algo ruim, que apenas será chato e inconveniente, sem nada de construtivo, esqueça tudo que iria falar. Deixa para lá. O mundo não precisa disso.
Os elogios são para ser ditos, pessoas precisam saber que são amadas, que alguém gosta do que elas fazem, que são admiradas de alguma forma. Fale alto, fale baixo, meio sem graça, procure alguma forma, mas fale. Se quer dá um telefonema para alguém que não vê há tempos e acha mais coerente deixar para amanhã, esqueça a coerência. O amanhã pode vacilar e quem era já não ser mais.
O mundo precisa de coisas bonitas espalhadas, precisa de palavras sinceras, de amores (com)partilhados. Agora, se o que quer falar for algo ruim, que apenas será chato e inconveniente, sem nada de construtivo, esqueça tudo que iria falar. Deixa para lá. O mundo não precisa disso.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
#100diasfelizes
Eu sempre me atrapalhava com projetos numerados. Parava no meio do
caminho, esquecia, fazia de conta que nem tinha começado. Sempre me
convencia que estava ocupada demais. Até um dia que virando as coisas na
internet achei a hashtag #100happydays e fiquei curiosa. Quando abri o
site sobre o projeto tinha um desafio "Você conseguiria ficar feliz
durante 100 dias seguidos? Você não tem tempo para isso, não é?".
Desafios e perguntas que respondem perguntando sempre mexem uma coisinha
comigo. No mesmo dia comecei os #100diasfelizes, que me inspirou de uma
forma única. Eu não conseguia parar de ver que meus dias, por mais
desgastantes, corridos e (porque não?) com momentos de tristezas, eu
tinha sim algo para olhar e dizer: Isso aqui me deixou feliz!
Para muita gente pode ter sido algo que não fez sentido... Porque é importante postar uma foto todo dia? Ela está limitando os dias felizes? Porque só 100 dias? Ela ainda está nisso? Ah, é legal, mas dá trabalho não é? Essa contagem regressiva é para quê? Está em que dia hoje? Oi, 100 dias felizes! Tinha questionamentos e brincadeiras de todos os tipos. Achava engraçado, ria, falava sobre e achava bom compartilhar meus dias. Eu só queria ser feliz e concluir algo que comecei, algo que me instigou a ser mais feliz, a valorizar mais os pequenos momentos, a buscar ser melhor e fazer os dias dos outros melhores. Sim, quem é feliz quer ser cada vez mais. Pode acreditar! Dei mais "bom dia", admirei mais as paisagens, agradeci mais, procurei novos projetos para participar, quis ficar mais tempo com as pessoas, encontrei mais tempo, me inspirei mais.
E não, meus momentos felizes não se limitaram àquelas fotos. Ali, apenas um registro, um segundo que parei para fotografar. Meus momentos felizes foram mais além. Os encontros, as paisagens, as pessoas, os sorrisos, os agradecimentos, TUDO, fizeram valer a pena o registro. Sorrir, sorrir e sorrir ainda continua sendo uma boa forma de expor esse sentimento de felicidade. Sorrir compartilhado, sozinho, com alguém desconhecido, com quem se ama, de todos os jeitos.
Queria ter registrado muito mais coisas. E sabe uma o que aprendi durante os #100diasfelizes? Não registre tudo, tem aqueles momentos que para ser feliz você precisa viver e não parar. Que a foto com os amigos venha naturalmente depois de muitas risadas, muitas conversas, muitos abraços, nunca pare a melhor parte para tirar uma foto. Que a foto da comida que você gosta venha em um clique, e não fique fazendo vários até achar o melhor ângulo e você não possa aproveitar. Que a foto com seu amor seja uma, duas ou três. Mas que vocês não passem mais tempos preocupados em registrar e esqueçam de viver. Que ao sair para jantar conversem até se cansar, depois, se quiser, registre. Nas viagens não adianta você querer registrar tudo que olhar e parar para admirar só por um minuto, achando que poderá recordar depois quando olhar a foto. Vai recordar o quê? O tempo que passou tirando fotos? Viva o lugar, olhe as minúcias, respire os aromas que têm ao redor, aproveite.
Enfim, viver sempre vai ser melhor. Seja feliz, faça as pessoas felizes, olhe para as particularidades do seu dia e descubra que cada um tem um momento feliz. E mesmo quando achamos que não, dê uma olhadinha melhor. Pessoas felizes não atrapalham a vida de ninguém. E que além de querer ser felizes, querem ver o outro ser também! Então, que sejamos!
E quem quiser saber como começar:
http://www.100happydays.com/pt/
Os meus 100 dias felizes no Instagram: @tuanydutra
Para muita gente pode ter sido algo que não fez sentido... Porque é importante postar uma foto todo dia? Ela está limitando os dias felizes? Porque só 100 dias? Ela ainda está nisso? Ah, é legal, mas dá trabalho não é? Essa contagem regressiva é para quê? Está em que dia hoje? Oi, 100 dias felizes! Tinha questionamentos e brincadeiras de todos os tipos. Achava engraçado, ria, falava sobre e achava bom compartilhar meus dias. Eu só queria ser feliz e concluir algo que comecei, algo que me instigou a ser mais feliz, a valorizar mais os pequenos momentos, a buscar ser melhor e fazer os dias dos outros melhores. Sim, quem é feliz quer ser cada vez mais. Pode acreditar! Dei mais "bom dia", admirei mais as paisagens, agradeci mais, procurei novos projetos para participar, quis ficar mais tempo com as pessoas, encontrei mais tempo, me inspirei mais.
E não, meus momentos felizes não se limitaram àquelas fotos. Ali, apenas um registro, um segundo que parei para fotografar. Meus momentos felizes foram mais além. Os encontros, as paisagens, as pessoas, os sorrisos, os agradecimentos, TUDO, fizeram valer a pena o registro. Sorrir, sorrir e sorrir ainda continua sendo uma boa forma de expor esse sentimento de felicidade. Sorrir compartilhado, sozinho, com alguém desconhecido, com quem se ama, de todos os jeitos.
Queria ter registrado muito mais coisas. E sabe uma o que aprendi durante os #100diasfelizes? Não registre tudo, tem aqueles momentos que para ser feliz você precisa viver e não parar. Que a foto com os amigos venha naturalmente depois de muitas risadas, muitas conversas, muitos abraços, nunca pare a melhor parte para tirar uma foto. Que a foto da comida que você gosta venha em um clique, e não fique fazendo vários até achar o melhor ângulo e você não possa aproveitar. Que a foto com seu amor seja uma, duas ou três. Mas que vocês não passem mais tempos preocupados em registrar e esqueçam de viver. Que ao sair para jantar conversem até se cansar, depois, se quiser, registre. Nas viagens não adianta você querer registrar tudo que olhar e parar para admirar só por um minuto, achando que poderá recordar depois quando olhar a foto. Vai recordar o quê? O tempo que passou tirando fotos? Viva o lugar, olhe as minúcias, respire os aromas que têm ao redor, aproveite.
Enfim, viver sempre vai ser melhor. Seja feliz, faça as pessoas felizes, olhe para as particularidades do seu dia e descubra que cada um tem um momento feliz. E mesmo quando achamos que não, dê uma olhadinha melhor. Pessoas felizes não atrapalham a vida de ninguém. E que além de querer ser felizes, querem ver o outro ser também! Então, que sejamos!
E quem quiser saber como começar:
http://www.100happydays.com/pt/
Os meus 100 dias felizes no Instagram: @tuanydutra
quarta-feira, 25 de junho de 2014
O começo
Aquele era um dia estranho para ela, acordara meio nublada, sem cores, não tinha coragem de sair da cama e enfrentar aquela realidade mais uma vez, ainda mais com toda aquela chuva lá fora. Estava difícil aqueles dias, talvez tivesse realmente bons motivos para isso, talvez fosse só aqueles momentos em que ela adorava fazer de conta que era ruim está ali sozinha, quando na verdade gostava daquilo.
Então, daquele jeito sem graça, decidiu colocar a música no aleatório para ver o que iria aparecer, foi quando começou a tocar uma música que nem sabia como foi parar ali. Falava de sonhos, de acreditar. Era uma música sobre amor.
E ela começou a imaginar todos os motivos que poderiam fazer ela acreditar naquelas afirmações. O saldo era positivo, mas as marcas eram doloridas. Continuava pensando, mas algo interrompeu seu pensamento. A música parou e ela voltara subitamente para a realidade do dia. O telefone estava tocando. Era ele, sim ele... Aquele que há dias a fazia pensar na possibilidade de acreditar mais na beleza dos dias. Ela ensaia se a voz está boa. Uma. Duas. Três vezes. E atende em um tom de quem não se surpreendera com a ligação:
- Oi.
- Oii. Está muito ocupada? Se estiver posso ligar outra hora.
- Não, pode falar. Tenho um tempinho agora.
- Tudo bem contigo?
- Humrum, tudo sim.
Naquele momento ela queria saber sobre o que realmente ele queria conversar. Não tinha nenhum motivo aparente. Acabou ficando calada. Ela não fazia questão de manter diálogos rápidos, gostava das pausas. E como quem tivesse ouvido os pensamentos, ele foi logo respondendo.
- Ah, eu sei que não tem nenhum motivo para te ligar. Só queria saber o que você acha da gente se ver hoje... Eu sei que o dia está feio, mas talvez dê para a gente terminar ele de um jeito melhor. Quem sabe a gente não assiste aquele filme que você tanto quer vê?
- Hum... Será mesmo uma boa ideia?
- Você tem alguma coisa programada?
- Na verdade não, não tenho mais nada para fazer.
- Então eu passo na sua casa e a gente sai, pode ser?
- Pode sim.
- Está certo, até mais!
- Até! Acho que você salvou o meu dia!
- Que nada (risos).
Ele era assim sem rodeios, sem joguinhos, sem indiretas. E mal imaginava a intensidade daquela última verdade que ela havia dito. E ela mal entendia quanta força iria ter as suas palavras.
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