sábado, 2 de fevereiro de 2013



Eles falavam muito pouco sobre o que sentiam. Não precisavam de palavras bonitas para mostrar o que estava sendo vivido, muito menos de títulos e explicações. Eram eles ali, juntos, sendo sorrisos. Ela sempre achava que enfeitava as lembranças dos dias mais do que eles teriam realmente vivido, mas no final chegava à conclusão que não fazia mal colocar mais uma dose de doçura no pensamento. Ele juntava palavras a serem ditas, mas depois descobrira que não precisaria usá-las. 

Tinham medo da corrida do tempo e tentavam driblar as horas, puxar os ponteiros, usar a duração do dia ao máximo. Mas não teve jeito, os dias foram chegando ao fim, às tardes passadas juntos começavam a ficar borradas pelo alerta de que o tempo era curto.

Entre uma brincadeira e outra ele dizia: 
- Então, vamos ser nada? 
Ela apenas ficava pensativa e nunca questionava a frase que era dita em tom de brincadeira. Até que um dia resolveu perguntar por que ele tanto dizia isso: 
- Mas porque você que ser nada?
- Porque um dia me disseram que nada duraria para sempre. E é isso que eu quero para o nosso tempo. O sempre.

Decidiram se despedir com um até mais, tinha uma esperança entrelaçada ali, um “tchau” não iria traduzir a continuidade desejada. Até mais. Um abraço de despedida, que parecia mais o de um reencontro. Eles queriam ficar ali, juntos. Precisavam disso, mas tinham que seguir caminhos contrários nesse momento.

Se pensassem nos “quases” veriam tudo por um lado mais triste. Mas preferiram lembrar que juntos se tornaram palavra boa de ser anunciada, uma tarde ensolarada de primavera, um motivo para sonhar. Juntos viveram e de uma forma ou de outra existiram. Talvez não como nos finais de filmes, onde aparece a cena que prova para todos os espectadores que dali em diante serão felizes para sempre. Mas quem disse que já está na hora do final? É nessa parte que a história tem a chance de continuar.