sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Retalhos guardados


Um cantinho que guarda um pouco daquilo que vivo, do que gostaria de viver ou do que só pensei. Hoje, revirando arquivos do blog, descobri 102 rascunhos que fui fazendo ao longo desses anos. Frases incompletas, pedaços e trechos aleatórios. Palavras que posso ter desistido ou esquecido, e ficaram guardadas aqui. Então, selecionei alguns deles, e deixei aqui embaixo. Tem coisas que não lembro de jeito nenhum o contexto, e ao mesmo tempo é uma surpresa boa vê-los ali. Em cada parágrafo, um rascunho diferente, de anos atrás:

*Percebi que quanto mais tempo eu tenho para resolver alguma coisa, mais eu adio.

* Ligamos no automático o bom dia, boa tarde, por favor, com licença, obrigada. E assim a vida segue. De vez em quando costumamos ser melancólicos. Revemos álbuns, anotações antigas e remexemos muitas coisas do passado. Ai passamos a ver do que sentimos saudades, do que falamos que faríamos e nunca foi colocado em prática.

* Ninguém pode depender do que "recebe" para ser feliz.

* É triste ver amizades que se desfazem sem motivos, sem um porque, simplesmente se desfaz, sem ambas as partes concordarem, sem a outra parte ser avisada.

* E eu penso: por que questiono tanto? Não seria mais fácil ficar quieta e nadar de acordo com as ondas? Pode ser. Pode ser, mas não consigo prender a respiração por muito tempo.

* O tempo passa tão rápido, que em um piscar de olhos já passamos mais um mês de sorrisos.

* Parece que te analisam a cada palavra, a cada vírgula, a cada ponto. Só para ser o primeiro a dizer: olha-você-errou. É gente, eu também erro. Eu me atraso, eu esqueço, eu não aviso.

* Tem aqueles dias que a gente acorda com o corpo todo dolorido e cansado, por ter dormido de mau jeito... Acredito que com a alma acontece a mesma coisa, pois hoje minha alma está dolorida e cansada demais. Acho que algo adormeceu de mau jeito aqui...

* Lendo o livro de Caio, me deparo com "Depois abro Adélia Prado e leio: 'a vida é tão bonita/ basta um beijo/ e a delicada engrenagem movimenta-se/ uma necessidade cósmica nos protege'. Depois durmo, certo de que ainda há muitas coisas para serem lidas, para serem escritas, para serem lembradas. Até para serem vividas, quem sabe?". Eu, Adélia e Caio. Cheios de cumplicidade hoje.

* "Quando digo que cansei das pessoas, é um cansaço "passional", meio "fictício". Na verdade não cansei delas, propriamente ditas, cansei dessa mania de palpitar e confundir opinião com meter-se na vida alheia."

* Eu não sei dar títulos aos meus textos. Esse é o fato. Por mais que eu tente sempre vai me parecer que não é o suficiente para fechar a ideia. Matérias jornalísticas são simples: Chame a atenção do leitor, traga o que é de mais importante na notícia. Mas não sei concluir em que parte eu quero que o leitor realmente acredite.

* Saudade de abraços demorados. De olhares sinceros. De conversas contagiantes. Saudades. Saudades. Saudades.

* Já perdi muitas histórias boas por conta de uma capa mal resolvida. Contra a minha vontade já abri um livro e me encantei com a história que lá dentro havia. Assim como, muitas vezes, capas lindas trazem histórias repetidas e mal escritas. E por mais que eu dissesse que não, eu julgava as pessoas pela capa.

* Não, minha vida social não está escritas nas linhas da internet. Vivi os melhores sentimentos nesses últimos meses, e nem os ângulos fotográficos mais belos puderam captar a essência daquele sorriso pausado que eu tanto admiro...

* "- Ah meu Deus! Que bicho bobo é gente grande! Morrem de lidar com as maravilhas e não aprendem nada."

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Caneta de tinta



Talvez o segredo seja apenas escrever, sem pensar nas mil hipóteses. Quem vai ler? Vai gostar? Vai pensar que aconteceu mesmo ou acreditará que é apenas um conto? Vai dizer que leu ou vai guardar para si? Vai entender ou imaginar outra coisa?

E assim, a folha fica, mais uma vez, em branco. Fica mais uma vez esquecida. E o que queria sair fica guardado, e vai apertando por dentro. Vai sufocando. Porque só alivia quando as palavras saem, voando ou marcando. Precisam ser ditas, escritas, externalizadas. Elas precisam sair por ai, buscando novos olhos, novas formas de pensar.

O exercício é desenhá-las sem medo de errar. Nada de usar lápis grafiti e borracha, eu quero mesmo é caneta de tinta. E se eu errar, escrevo de novo, e de novo, e de novo, e de novo...

sábado, 19 de outubro de 2013


Andando em novos caminhos, trilhando outros rumos, vivenciando novos ares. Conhecendo gente diferente, gente igual, gente que acredita, gente que é gente.

Sair da zona de conforto, parar de falar e agir estão sendo escolhas bem mais lúcidas, mais conscientes. Vivendo só pela razão? É nesse ponto que você se engana. De tanto sentir foi que decidi agir. Mas é tudo tão novo, tão inesperado, e ao mesmo tempo encantador. São sentimentos diferentes dos que eu estava acostumada. Eles me incomodam, totalmente no bom sentido da palavra. Me fazem movimentar e pensar. Uma coisa é certa: Eu estou respirando melhor!

segunda-feira, 10 de junho de 2013


Ainda me assusto com as pessoas. Ainda me surpreendo com essa capacidade de dizer se uma atitude lhe agradou ou não, mesmo que isso não tenha nada, nadinha, nem um pouquinho mesmo, a ver com a vida dela. Parece até mesmo brincadeira. É divertido, para algumas pessoas, sair por ai falando tudo que der na telha, sobre quem quer que seja, para qualquer um, menos para o maior interessado diretamente. Quer seja alguém que conheça mesmo ou não. Afinal, o importante é participar. Não é isso que dizem por ai?

A melhor parte é a tamanha propriedade com que dão suas opiniões, em tom até mesmo de ultimato. Como pode alguém se achar perfeito o suficiente para abandonar suas preocupações e todas as bagunças da sua vida, por um minuto que seja, sem a mínima intenção de ajudar o outro, se for preciso? É, falar por falar mesmo, só para fazer igual a todo mundo. Não é assim que preferem?

Eu sou da opinião de quê, se você não está disposto a falar para a própria pessoa que está tendo sua vida avaliada tudo que fala para a plateia que gosta de ouvir julgamentos sem base e conhecimento, não tem o direito nem de iniciar o pensamento. Pelos menos, assim, o problema de falta de sinceridade já estaria resolvido. 

Já vi tanta gente se arrepender por julgamentos precipitados. Tem tanta coisa boa no mundo para ser vivida, tem tanta gente a ser descoberta, que os rótulos errados só afastam. De uma coisa eu tenho certeza, nesse mundo perfeito, prefiro viver a minha bagunça, tentando enxergar as pessoas e conhecê-las por mais de cinco minutos.

sábado, 2 de fevereiro de 2013



Eles falavam muito pouco sobre o que sentiam. Não precisavam de palavras bonitas para mostrar o que estava sendo vivido, muito menos de títulos e explicações. Eram eles ali, juntos, sendo sorrisos. Ela sempre achava que enfeitava as lembranças dos dias mais do que eles teriam realmente vivido, mas no final chegava à conclusão que não fazia mal colocar mais uma dose de doçura no pensamento. Ele juntava palavras a serem ditas, mas depois descobrira que não precisaria usá-las. 

Tinham medo da corrida do tempo e tentavam driblar as horas, puxar os ponteiros, usar a duração do dia ao máximo. Mas não teve jeito, os dias foram chegando ao fim, às tardes passadas juntos começavam a ficar borradas pelo alerta de que o tempo era curto.

Entre uma brincadeira e outra ele dizia: 
- Então, vamos ser nada? 
Ela apenas ficava pensativa e nunca questionava a frase que era dita em tom de brincadeira. Até que um dia resolveu perguntar por que ele tanto dizia isso: 
- Mas porque você que ser nada?
- Porque um dia me disseram que nada duraria para sempre. E é isso que eu quero para o nosso tempo. O sempre.

Decidiram se despedir com um até mais, tinha uma esperança entrelaçada ali, um “tchau” não iria traduzir a continuidade desejada. Até mais. Um abraço de despedida, que parecia mais o de um reencontro. Eles queriam ficar ali, juntos. Precisavam disso, mas tinham que seguir caminhos contrários nesse momento.

Se pensassem nos “quases” veriam tudo por um lado mais triste. Mas preferiram lembrar que juntos se tornaram palavra boa de ser anunciada, uma tarde ensolarada de primavera, um motivo para sonhar. Juntos viveram e de uma forma ou de outra existiram. Talvez não como nos finais de filmes, onde aparece a cena que prova para todos os espectadores que dali em diante serão felizes para sempre. Mas quem disse que já está na hora do final? É nessa parte que a história tem a chance de continuar.