terça-feira, 31 de março de 2009

Será que o tempo apagou da nossa memória?

Hoje, estava sentada num banco de um parque, pensando sobre muitas coisas da vida, problemas que deveriam ser resolvidos, sonhos que havia deixado para trás, mudanças que pretendo adotar ao meu estilo de vida... Quando em um momento saio do meu mudinho de idéias e começo a analisar o ambiente ao meu redor, coisa que não tinha feito desde o momento que me sentei ali, minha visão estava muito focada no meu eu. A partir daquele instante começo a ver uma criança que estava brincando a minha frente e lembro que um dia eu já fui assim, vivia num mundo de fantasias, onde tudo poderia ser resolvido com um simples chamado, pai ou mãe, por nós eram sempre admirados e a qualquer instante, qualquer insinuação de perigo eram logo chamados, pois tínhamos certeza que os mesmos não se negariam em ajudar-nos, foi com eles que aprendemos as primeiras palavras, eram eles que nos paparicavam a todo momento, tirando fotos sem parar. Hoje crescemos e muitas vezes não queremos nem que eles saibam como está indo a nossa vida, quando estamos com medo preferimos gritar por qualquer outro nome, menos chamar aqueles que nos traziam tanta segurança na infância, passamos horas e horas conversando com amigos, vizinhos, ou até com pessoas estranhas, mas com os nossos pais, muitas vezes mal falamos um oi com delicadeza, existe muitas exceções é claro, continuamos tirando fotos em todos os momentos de nossas vidas, mas agora achamos que não precisamos mais deles para registrar esses momentos e muitas vezes esquecemos até mesmo de registrar momentos com eles.
Também percebi o instante em que se aproximou outra criança da que eu já estava observando, não precisou de muito tempo para que os dois começassem a brincar juntos, uma brincadeira inocente, sem interesses. Depois de algum tempo de risos e correria se escuta um choro, a disputa por uma bola, mas logo em seguida voltam a brincar como se nada tivesse acontecido, não foi guardada nem uma mágoa, percebia-se no olhar de felicidade que os dois expressavam, ali provavelmente já esta formada um amizade, amizade na sua essência primeira, como é bom quando se é criança... Quando crescemos a amizade já não fica tão fácil de se fazer, um nunca se dispõe a ser amigo verdadeiramente do outro, sem reservas, sem medo de a qualquer momento desagrada aquele alguém e logo em seguida desfazer uma amizade, muitas vezes por motivos relevantes. Ao decorrer do nosso crescimento as amizades vão ficando mais superficiais, vai surgindo as desconfianças, os próprios interesses, a inveja, e o mundo nos diz cada vez mais:”Não tenha laços de amizade, tenha laços de interesses!”, será que é isso que vamos viver sempre?!
Logo depois as duas crianças começaram a construir um castelo, onde usavam qualquer coisa que se encontrava por perto, areia, pedra, folhas e alguns gravetos também, transformavam as coisas sem valor em outras de valor inestimável, foram usando a sua imaginação para criar paisagens das mais belas, e passaram a acreditar que aquele faz-de-conta existia mesmo. Fui aí que percebi que o tempo foi apagando isso da nossa memória, deixamos de acreditar que o mundo que nós criamos também é verdadeiro, ele pode ser trazido para o mundo real mesmo que de brincadeira, pois quando pensamos que tudo esta perdido é a partir daí que temos que criar algo, que esteja ao nosso alcance, para mudar aquela situação; talvez aquelas crianças estivessem achando a brincadeira chata e buscaram um meio de modifica – lá criando uma forma de ficar melhor para continuarem... Na nossa vida nos deparamos com situações que só dependem de nós, melhorarem ou piorarem!
A tarde já estava indo embora e com ela as crianças foram para casa. Com isso aprendi que não devemos focar apenas nós nossos problemas, muitas vezes temos que parar para analisar o nosso ambiente ao redor, pois as situações estão ali, sendo vividas, e nós pequenos gestos tiramos grandes lições. Acho que devemos parar pra pensar em que estamos nos tornando, quais são os valores que estamos perdendo ao longo dos anos. Como as coisas iriam melhorar se buscássemos viver como crianças, não com atitudes infantis, pois vemos muitas pessoas agirem assim, mas com o sentimento infantil, ver o mundo com menos maldade, lembrar que aqueles que mais têm orgulho de nós, que são os nossos pais, também querem participar mais ativamente da nossa história, pois ele tem muitas coisas para nos ensinar e nós não estamos aproveitando nem metade disso; passar a depositar mais confiança nas pessoas, acreditar que o próximo não é o nosso adversário, eles podem aparecer nas nossas vidas para nos ajudar em algum momento. Muitas vezes esquecemos que nos fomos feitos com capacidade para sermos criativos, para buscar novas soluções, ser audacioso em novos empreendimentos. Não precisamos ser uma eterna criança para solucionarmos nossos problemas, mas podemos parar uma vez que seja e analisar o mundo como algo que pode ser transformado por nós mesmo. O que não podemos deixar é que o tempo carregue de nós a simplicidade, o respeito pelos outros, a confiança, a dedicação, o viver sem reservas e a criatividade. O mundo é da cor que você pinta, deixe o seu colorido!

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