quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

... das coisas que insistem




Hoje o dia chegou com saudades. E saudades me prendem, me fazem perder o jeito, o fôlego e a concentração. Ela nunca avisa quando vai chegar.

Fiquei com saudade dos meus cachos, de gostar de unhas pequenas e de não querer me maquiar. Senti saudade do correr pelo sítio em qualquer brincadeira, do doce de leite feito em casa, do abraço largo da avó. Fiquei pensando nos dias livres, nas manhãs assistindo desenhos, nos desenhos coloridos que fazia, e agora eu queria pintar.

Fiquei com saudade dos amigos que o tempo levou e das risadas sem sentido. Senti saudade de espalhar os papéis pela casa, dos recortes e de ficar sem coragem de limpar tudo. Senti saudade das brincadeiras, dos amigos de infância e de conversar com um diário. Senti falta das cartas, dos cartões e de escrever poemas na agenda. Fiquei pensando nos dias em que eu acreditava mais nas pessoas, do choro por besteira, de fazer dancinhas engraçadas.

Fiquei com saudade de ser criança e não me preocupar se os adultos olhavam o que eu estava fazendo. Senti saudade de não precisar ser responsável, de ser cuidada, de sonhar mais. Fiquei pensando no tempo em que eu não percebia, não entendia e não precisava dar uma opinião.

Saudade. Simplesmente.

3 comentários:

  1. Saudade é também meu tema para a última postagem. Ela é bela. Rica. Difícil. Mas compensadora. Especialmente quando é do que, como descreveste, podemos ser, podemos fazer, podemos dizer e podemos mudar. Beijossssss

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  2. Que texto lindo! Beijos e saudades!
    Ligia

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