quarta-feira, 4 de junho de 2014



Eu nunca te entendi direito. E você sempre soube disso. Acho que era toda a confusão que você apresentava em um só. Tinha o "você" que as pessoas falavam que era. Tinha o que você queria mostrar que era. E tinha o que você realmente era. Era tudo muito confuso. E ninguém pode ser culpado por não te entender.

As pessoas acreditam no que querem acreditar. Você sempre dizia isso no meio das conversas. Sempre ria com os burburinhos que se formavam sobre você, sua vida e seus pensamentos. Acho que gostava mesmo era de ser o tema das conversas, sem nem precisar ser o centro. Eu só fazia rir, porque no fundo não sabia em quem ou o quê acreditar de verdade. Não sabia o que eu queria ver.

A gente se divertia, ria e chorava juntos, compartilhava momentos, mas nunca deu para entender o que éramos, e se éramos alguma coisa. Você disse que me apresentava alguém que poucos conheciam e mais uma vez eu não entendia o motivo de se esconder, mesmo quando queria atenção.

Lembra do dia em que você se despediu de mim, porque disse que não queria mais caminhar ao meu lado e não estar no meu coração de verdade? Eu não contestei, porque sabia que não podia oferecer mais que isso. Não dava para entrar nessa confusão de cabeça. Nunca te contei, mas foi triste ver a sua partida, foi triste ver algo tão bonito se desfazendo. Porque você era daquelas pessoas que a gente acredita que vão continuar na nossa vida. No momento não achava que aquilo era realmente necessário, mas no íntimo eu senti que tinha que ser daquele jeito mesmo. Sem mais explicações, sem mais promessas. Apenas um "tchau" e um te vejo algum dia desse.

Na verdade, o que eu mais desejei naquela hora foi que a vida nos fizesse seguir por caminhos diferentes para não existir mais esse "algum dia". E assim, eu disse "amém".

5 comentários:

  1. E depois do amém viria a felicidade.

    Amém. :**

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  2. Partidas são sempre tristes, mas as vezes necessárias. Com o passar do tempo lá na frente a gente percebe isso.

    bjokas =)

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  3. Belíssimo. Como tudo que tu escreves, pessoense. Algumas pessoas têm esse prazer da criação de imagens, da confusão das imagens, de uma imagem especial para alguns. Como negar que essa capacidade seja rara e bela/ Como negar o talento de quem se esconde para omundo e só se mostra para nós, e nós ‘sabemos’ exatamente como aquela pessoa é? Só que, um dia, essa pessoa se vai, e só fica o eco de nosso ‘amém’ no ar, porque outra coisa não era mesmo possível dizer. Pessoas que simulam, que dissimulam, que se apresentam e se representam têm hora marcada para começar seu espetáculo em nossa vida. Mas também têm hora para o encerrar. Infelizmente. Beijosssssss

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